Vergílio Ferreira nasceu a 28 de Janeiro, em Melo, aldeia do concelho de Gouveia, no ano de 1916. Assinalam-se, portanto, os cem anos do seu nascimento e Sintra, como sua terra adoptiva, não podia deixar passar em claro esta importante data.
De facto, este escritor e pensador maior da nossa Literatura adquiriu, nos inícios da década de oitenta do século passado, uma singela vivenda em Fontanelas, toda rodeada de pinhais. É nesta aldeia saloia que Vergílio Ferreira encontra o refúgio ao bulício da grande urbe, o ar puro naquela peculiar mistura entre mar e pinheiros, e a paz necessária à contemplação e criação espiritual.
É assim que grande parte do concelho de Sintra, com óbvia predominância de Fontanelas, é contemplado na sua literatura, seja na ficção ou na sua Conta Corrente, diário que manteve até à sua morte, ocorrida a 1 de Março de 1996. Azenhas do Mar, Magoito, Penedo, Eugaria, o Cabo da Roca, Praia das Maçãs, Aguda, etc., são apenas alguns dos locais que podemos encontrar referenciados nas suas obras.
Em 2001, a Câmara Municipal de Sintra, então sob a presidência de Edite Estrela, decidiu prestar-lhe a devida homenagem. Assim, para além da realização de um Colóquio Internacional sobre Vergílio Ferreira, decorreram várias actividades paralelas, em que se destacam a reedição do romance Até ao Fim – particularmente ligado a Sintra – e a inauguração de um monumento em Fontanelas, concebido pelo cartoonista Vasco de Castro, seu amigo, em memória do grande escritor.
No dossiê de candidatura a Património Mundial está inserido um texto seu sobre Sintra, propositadamente escrito para o efeito. Chama-se Louvar Amar, e é um verdadeiro hino em prosa à nossa paisagem e património: «Sintra é o mais belo adeus da Europa quando enfim encontra o mar».